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você é parte do sistema – aceite (e tome frente!)

Como contei aqui anteriormente, eu estou em uma jornada de autoconhecimento (essa é uma frase muito zen, mas a real é que sou uma sassy bitch, queridas!). Digo jornada porque assim como qualquer outro conhecimento, ele é gradual. Exige prática diária e outros ingredientes fundamentais como paciência, (muita!) compreensão e aceitação, por exemplo.

É, eu sei! Uma vez que nós achamos a chavinha para um mundo que até então estava trancado para a gente, nós ficamos com fome e queremos o explorar por inteiro. É como ir para um parque de diversão pela primeira vez, você fica maravilhada. Mas é preciso ter calma. Deixa o imediatismo para lá. Porque (aviso por experiência própria) querer dar conta de tudo, traz angústia e, ainda pior, paralisação.

E sobre esse momento de quase paralisação que quero contar aqui. Vou falar das brisas que tive quando comecei a entender melhor meu guarda-roupa, e assim, a me entender melhor.



A indústria têxtil e a de moda em geral está presente no nosso cotidiano e impacta na nossa vida de várias maneiras, muitas até imperceptíveis.

Vamos para para pensar: antes de sair de casa, quais rituais são considerados básicos? Higiene pessoal, alimentação e vestuário. A gente precisa se alimentar, a gente precisa se vestir (sair peladona nas ruas do Brasil dá b.o com os polícia, viu, mana?). De qualquer maneira, você se alimenta do que você quiser, você veste o que quiser. Você pode até não ser muito envolvido nesses paranauê de comida ou de moda, mas saiba: você faz parte dessa sistema. Você pode até dizer que acha moda e "essa coisa de tendências" fúteis, mas você as incorpora, de um jeito ou de outro. Você as consome. E consumo, em um mundo capitalista, é tão importante quanto o voto, eu ouso dizer. Ao consumir um produto de alguma marca, você dá apoio para ela. E empresas, você sabe, têm grande impacto nas relações globais. 

http://goodtimesfor.tumblr.com/post/87523487789/sad-but-true


Sabe em O Diabo Veste Prada quando a Miranda joga na cara da Andy que o azul do suéter dela é um exemplo de que, sim, ela não está alheia à moda? É isso. Não é ficção. Acontece aqui debaixo dos nossos narizinhos. Não apenas nesse sentido de que incorporarmos uma tendência de um jeito ou de outro (fast fashion reproduz criações das grifes, por exemplo. Mesmo que você não saiba que tal elemento apareceu no desfile de tal marca, você está consumindo essa tendência), mas também em outros sentidos, até mais impactantes, como a maneira como consumimos

Breve retomada da história: século XVIII, revolução industrial. Desde então a produção ficou mais veloz. Impacto: os produtos chegam mais rápido ao consumidor, que almeja por novidades em um menor espaço de tempo; outro impacto: com as máquinas e os inúmeros estágios de produção necessários até que os produtos fiquem prontos, nós, consumidores, fomos afastados do processo de produção. Ou seja, citando um exemplo do tema que tratamos aqui, nós não sabemos como, quando, onde e por quem nossas roupas são feitas. O mesmo serve para nossa comida ou para qualquer outro produto industrializado. Ok, você acha na etiqueta que a blusinha é made in China, mas você não sabe exatamente onde na China (e nem em que condições, mas esse é um tema que rende um outro debate imenso e não é o foco desse texto).

Como a indústria fashion impacta o meio ambiente e os trabalhadores nela inserida é um assunto abrangente e que gera muitos debates. O mode.fica é um ótimo site para ficar de olho se você quer saber mais sobre isso. Mas aqui, nesse texto, quero que você foque em outro aspecto: nós estamos alheios ao funcionamento dessa indústria (que busca cada vez mais o barateamento de custos na produção de roupas quase descartáveis, com prazo de validade. Você já comprou alguma blusa que disse adeus na terceira vez de uso, por exemplo? É, acontece nas melhores famílias – de novo, assunto para outro post). Ou seja, nós não conhecemos como funciona algo que está inserido no nosso dia a dia, por bem ou ou por mal. Afinal, como disse, todos os dias colocamos um roupa, passamos por vitrines e por aí vai... 

"Beleza, Chames, mas como isso se relaciona com autoconhecimento?" Na medida em que prestei atenção em mim,  no guarda-roupa que tenho hoje , percebi que me guiei mais pelo externo que pelos meus verdadeiros desejos e prioridades, como comentei no post passado. Além de tentar entrar em conexão com esses aspectos (me perguntando como eu gosto de me sentir e como eu quero ser percebida pelos outros, por exemplo), eu também tentei buscar mais informações e me apropriar desse universo que eu consumo, logo, que eu faço parte. Porque acho isso poderoso. Acho importante entender como o básico de como o sistema funciona para poder entender como isso me afeta (e como minhas escolhas podem afetar o outro – assunto para outro post, Chames. Aceita.)

Por exemplo, minha avó Tiêta (<3) sabia fazer roupas, ela adorava costurar. Na época dela, era muito comum escolher o tecido e pensar na roupa que você queria fazer com ele. Isso ainda existe hoje dia, é verdade, mas poucas pessoas optam por esse método – e se optam geralmente é para uma ocasião especial, como casamentos e formaturas. Nós buscamos o fácil. E eu queria entender o porquê disso e estudar um pouco de história da moda me proporcionou esse entendimento.

Ao mesmo tempo, quanto mais sabemos das coisas, mais desafiadora a situação pode ficar porque te tira da zona do conforto. E dependendo do nível do mal estar que te traz, isso pode te paralisar – como eu QUASE deixei acontecer comigo. Ou porque você descobre que o mundo é uma merda e que muita coisa está errada e que você pouco pode fazer para mudar isso (e, às vezes, a alternativa que você quer seguir para ajudar o mundo, na verdade, não ajuda) e/ou porque você não quer mudar tão bruscamente a maneira como vive e/ou consome (ou não quer se sentir culpa por não mudar tão bruscamente). Been there, done that.

E como lidar com isso? Ainda tento descobrir; ainda quero carregar o mundo. E é por isso que resolvi fazer esse post, na verdade. Para não ficar doida com esses pensamentos na cabeça e colocá-los para fora.

Mas acho que o caminho mais seguro para não desistirmos no meio do caminho é olharmos para nós com carinho, descobrir como podemos mudar primeiro o nosso mundo (e aproveito para recomendar de novo a leitura desse post do Larusso. Leiam, filhas!). Como podemos fazer para a gente se sentir mais satisfeita com quem somos? Com a nossa imagem? Com as ações que tomamos? São algumas questões que lancei para mim e que agora lanço para vocês

Acho, de coração, que o importante é o próprio entendimento da insatisfação: saber que ela existe e porquê ela acontece. Tomar conta, ter a lucidez da situação, sabe? Eu, por exemplo, percebi que não era saudável sair comprando pelo sensação imediata de prazer, que depois se transformava em confusão. Agora, procuro fazer um melhor uso do que tenho. Comprar sabendo que não vou usar a blusinha uma única vez na vida. Pode parecer mínimo, mas é transformador para o meu mundo. É aquilo que falei no post passado.

Gente, nós não damos conta de tudo! Nós não sabemos tudo que rola no mundo! Eu escolhi me tornar mais consciente sobre o meu estilo e meu guarda-roupa, porque é algo que me toca. Ainda existem tantas coisas que eu não faço noção de como rolam. E que, claro, um dia quero saber, mas se eu tentar dar conta de tudo, eu posso acabar não fazendo na-da.

Eu vou continuar compartilhando minha jornada com vocês e, assim, algumas dessas respostas por aqui. E os desdobramentos e evoluções dessas respostas também. E as evoluções das minhas opiniões, porque mudanças acontecem. E aos poucos vou perdendo o medo de mudar de opinião (por isso, não apagarei nenhum post já publicado nesse meu espaço virtual).

Às vezes, temos medo de compartilhar nossas pequenas mudanças de atitudes porque parece que as pessoas vão querer usar isso contra você o tempo todo. Tipo, "mas você fala de mudança na maneira que consome e vai comprar em fast fashion?", "mas você é feminista e ama a Kim Kardashian?". É desestimulante. Eu não quis compartilhar esse meu processo por muito tempo, mas não posso deixar o externo, os outros me ~controlarem~ de novo. A Nuta do GWS fez uma matéria interessante sobre como as palavras dos outros impactam no nosso desenvolvimento pessoal.

Os aprendizados acontecem ao longo da vida, ninguém nasce sabendo de tudo e com opinião formada.

Resumo: se você está insatisfeita tente entender de onde vem essa insatisfação. Olhe para você e, depois, em como o mundo contribui para que você se sinta assim. Mas não pire! Tenha sempre carinho e aceitação consigo mesma (falo isso para você e para mim haha). A gente não muda do dia para a noite <3 
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